quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Educação de 0 a 2 anos- entre o cuidar e o educar


Vivemos em uma sociedade onde os papéis familiares tem se modificado muito, há algum tempo a mãe era a principal responsável pela educação das crianças pequenas. Mas hoje em dia muitas mães tem que sair de suas casas para o mercado de trabalho na busca de condições financeiras para o sustento da família, então esse papel foi repassado para a escola, que na maioria das vezes tem feito um papel assistencialista que não supre com as necessidades de um ser em alta fase de desenvolvimento e aprendizado.


As crianças na faixa etária de 0 a 2 anos tem um desenvolvimento cognitivo e motor extraordinário, é nessa fase que elas constroem valores que vão ser usados pela vida toda.

Desta forma, se faz necessária a integração de amor, carinho, cuidados e uma preocupação constante com a parte pedagógica visando as diversas possibilidades de crescimento intelectual, social, motor e afetivo da criança.(BATISTA,1999.)

Então, a escola não pode mais se ater só aos cuidados, tem que propiciar à criança meios para que ela tenha um desenvolvimento pleno respeitando suas especificidades.Essa escola deve ter locais seguros e próprios para cuidados com higiene, mas deve ter também locais para que se desenvolva o aprendizado, locais onde o lúdico esteja presente e o carinho e a afetividade possam se desenrolar com naturalidade e respeito.

O educador para essa faixa etária tem que, além dos cuidados estar preparado para educar e estimular essa criança, pensando e desenvolvendo técnicas que facilitem esse aprendizado. A plenitude dessa educação depende do planejamento e em muitos casos da criatividade do professor .Ele precisa ter noção do seu papel importante na vida daquela criança, precisa saber que durante os cuidados também pode haver aprendizado, cantar enquanto troca fraldas, falar ou colocar músicas durante o banho, mostrar um mundo diferente de cores, sons, e formas, enfim usar de toda sua criatividade no intuito de provocar na criança uma variedade de sensações para que elas percebam e aprendam como se posicionar no mundo a sua volta.

A nossa realidade mostra uma educação não condizente com os anseios da pedagogia, vemos escolas e professores, cuidando de crianças, mas não educando e estimulando como deveria ser, nossos governantes parecem não dar importância devida a essa faixa etária, não fornecendo capacitação para os professores e nem dando condições físicas para as escolas. A falta de capacitação de alguns professores e escolas é nítida, em alguns casos ás crianças são tratadas como “mimos” que enfeitam as creches mas não tem nada aprender.

Uma mudança de paradigmas e atitudes só será alcançada quando pais, escolas e governantes tomarem ciência do risco que representa negligência do educar nessa idade. Equanto isso cabe aos educadores uma postura firme apesar dos baixos sálarios e falta de reconhecimento.

O amor pelas crianças declarados por muitos professores tem de se tornar em ações que visem seu bem estar físico e cognitivo, não entendendo as crianças como todas iguais, mas como seres únicos em constante desenvolvimento e aprendendo com tudo à sua volta. A negligência de hoje é que vai formar os negligentes de amanhã.

A sociedade precisa de educadores que estejam dipostos a mudar esse quadro, que busquem formas de amenizá-lo, que tenham como principal objetivo um trabalho bem feito e eficiente, que não entendam as dificuldades com um fim, mas como uma forma de crescimento, amadurecimento e de começar de novo sempre, com novos pensamentos e atitudes.


REFERÊNCIAS
BATISTA, Cleide Vitor Mussini. EDUCAÇÃO INFANTIL: subsídios a uma proposta filosófica educacional para pré escola da UEL. ( mestrado em educação). Universidade estadual de Londrina.1999.p 19-33
BRASIL, Ministério da educação e cultura. Parâmetros nacionais de qualidade para educação infantil. 2006. Brasília – D.F.