quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Para boi dormir

Mãe:
- Boa tarde, me indicaram sua escola e me disseram que vcs fazem inclusão de pessoas com deficiência
Escola:
- Ah sim, qual o PROBLEMA que seu filho tem?
Mãe:
- Foi diagnosticado como autista...
Escola:
- Trouxe laudo médico?
Mãe:
- Não, mas posso trazer da próxima vez...
Escola:
- Ele faz alguma terapia?
Mãe:
- Sim, Fono, fisio, aula de artes...
Escola
-Assim que fizer a matrícula, por favor me avise vou querer uma reunião com todos os profissionais que o atendem...
Escola:
- Outra coisa, ele anda, fala???
Mãe:
- Sim  anda, mas ainda não fala e ás vezes tem momentos em que se isola.
Escola
- O Neuro sabe disso???
Mãe:
- Sim, ele está medicado, mas de vez em quando ainda acontece.
Escola:
- Bom, nesse caso além do laudo, preciso também saber a medicação que ele está usando, qual a dosagem, efeitos colaterais...

Mãe:
- Tudo bem, vou providenciar , mas gostaria de saber, qual a proposta pedagógica dessa escola???

Um silêncio pairou naquele recinto. A representante da escola  disfarçou, enrolou um pouco, disse qualquer coisa sobre Piaget , agiu como se aquela pergunta fosse totalmente irrelevante.E foi atender a próxima mãe.

Nesse momento o boi já estava roncando e mais uma criança iria cair nas mãos dos "entendidos" de deficiência e leigos em educação.

sábado, 25 de junho de 2011

O que você está ensinando para seu filho?

        Me pego pensando num aniversário que levei a Vic, tinha um  desses brinquedos tipo castelo com escorregador as crianças subiam e desciam.

Victória fazia o mesmo, na hora de ir embora chamei por ela tres vezes e ela fez de conta que não escutou, uma menina do meu lado me disse: "Ela é burra!", respondi: "Não, não é , apenas está me desobedecendo".

Com muito custo consegui tirar a Vic do brinquedo e no caminho para casa fui pensando nas palavras da menina, aparentava ter uns 5 anos e nessa idade as crianças tendem a imitar as atitudes dos familiares.

Algumas pessoas giram em torno do seu próprio umbigo e não conseguem ver a beleza da diversidade e além de tudo, ainda ensinam seus filhos apenas a passarem no vestibular e se considerarem melhores que os outros.
É óbvio que em algum momento da vida precisamos de algum tipo de ajuda, como esperam que esse futuro adulto os acolha?

Ensinam letras, não valores.

Sei que o mundo não é cor de rosa, que preconceito existe e sempre existiu, mas acredito que cada um de nós podemos dar nossa contribuição para que a diversidade seja cada vez mais apreciada, e que possamos conviver nas escolas, nos espaços públicos, enfim na sociedade aprendendo e ensinando, cada um de sua forma e a seu tempo.

Que nossos filhos sejam bons profissionais, mas que antes de tudo que sejam humanos e cultivem outros valores.

Ah, só um detalhe pessoas com deficiência, não precisam de caridade, como qualquer um de nós, querem apenas respeito.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Escola comum, os professores e a inclusão

Segundo a declaração universal dos direitos humanos no seu artigo I:
“ Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.São dotadas de razão e consciência  e devem agir em relação uma às outras com espirito de fratenidade.” ( UNESCO)

Partido do príncipio que todos somos iguais em direitos, coloco a escola comum como um direito a toda pessoa, seja ela deficiente ou não. Para atender esse artigo precisamos de uma escola de qualidade que possa atender a todas as crianças e não à apenas algumas consideradas “normais”.
Embora  a inclusão de pessoas com deficiência na escola comum seja um assunto novo, há muitos anos Vygostky já falava sobre  uma única pedagogia que deveria atender a todas as pessoas, ele disse que quando tivermos que separar a pedagogia para atender essa ou aquela classe de pessoas ela deixa de ser ciência para cair no lugar comum.
Entende-se que pessoas com deficiência intelectual sejam díficeis de ensinar, mas segunado autores como Maria  Tereza Egller Mantoan a deficiência  está na forma de ensinar que se abstem de entender a diversidade humana para se ater a alunos considerados como “ quadradinhos”. A capacitação dos professores surge como principal barreira para inclusão, mesmo que bem formados os profissionai de educação preferem se adaptar aos conceitos já formados por outros a ter que lutar para que tudo seja diferente.

“... do ponto de vista biológico não há erros, não há disfunções, não há menos-valia... em Biologia, não existe menos-valia. É no espaço das relações humanas onde a pessoa definida passa a ser limitada.” (H. MATURANA. O Sentido do Humano)



A não aceitação da diversidade humana por parte de formandos e formadores causa um impacto grande nas escolas. È comum vermos professores completamente apavorados ao receber uma criança com deficiência. Pensam que a saída está em encaminhamentos médicos, quando na verdade se procurarmos na pedagogia encontraremos as respostas para formas de ensinar.
Professores são profisisionais que precisam entender de educação e não de  medicina nem de psicologia, sua funçaõ é ensinar e não diagnosticar erros, consideram a quantidade de aprendizado de acordo com resultados de provas aplicadas de forma uniforme a todos os alunos e ao invés de dar ênfase  aos acertos estão sempre mostrando o erro.
Considerar que todos somos deficientes em algum aspecto da vida, torna a função educar um ato mais prazeroso e humano.
Se o aluno tem dificuldade em detrminada matéria isso não quer dizer que ele seja totalmente deficitário, sabemos que todos temos mais habilidade em uma ou outra atividade, isso  é inerente ao ser humano.
O professor deve se ater ao fato que sua tarefa é ensinar o aluno, e  como ele vai fazer isso? Conhecendo o aluno, sua vida, suas dificuldades e facilidades.
É sabido que os casos de sucesso na inclusão escolar estão muito aliados ao trabalho constante de famílias e professores que gastam o tempo procurando soluções e não colocando impecilhos para a inclusão aconteça.

“Se soubermos incorporar estas novas formas de pensar e de atuar, de sentir e de conviver, e abrimos nosso pensamento para esse futuro imediato, incorporando  novos valores, mudaremos não somente a sociedade –e, conseqüentemente, a escola. Nós mudaremos a nós mesmos”. ( Miguel Lopez Meleros- projeto Roma)
                         


A visão do professor deve estar muito além das barreiras que o aluno apresenta e muito mais além das barreiras atitudinais herdadas de geração em geração. Considerar o outro como um ser completo deve fazer parte da atitude de todo professor comprometido com sua profissão.

Temos uma imagem empobrecida da criança que aprende: a reduzimos a um par de olhos, um par de ouvidos, uma mão que pega no instrumento para marcar e um aparelho fonador que emite sons. Atrás disso, há um sujeito cognoscente, alguém que pensa, que constrói interpretações, que age sobre o real para fazê-lo seu."
                                                       ( Emilia Ferrero)

A complexidade da vida humana não pode ser descartada em nenhum aspecto da vida e isso inclui a pedagogia.
Há muito que se fazer, embora muitos já fazem em favor da inclusão, mostrar os casos bem sucedidos as experiências que deram certo e batalhar para que num futuro próximo, todas as escolas sejam de qualidade para TODOS os alunos.







sábado, 16 de outubro de 2010

Sou mãe sim, e dai?

Não é a primeira vez que questionam sobre o fato de defender a inclusão de pessoas com deficiência, a frase é a seguinte: Você diz isso por que sua filha tem deficiência, senão fosse assim você não estaria tão engajada. Isso sem falar naqueles que vão além, e dizem e que eu vivo de ilusão.

Ora, vou confessar aqui, antes de ter minha filha com síndrome de Down eu não me preocupava com essa causa, mas para ser mais sincera ainda,  eu não sabia das dificuldades que essas pessoas enfrentavam  e nem de como elas viviam á margem da sociedade.

Conheci poucas pessoas com deficiência na minha juventude, éramos muito pobres e a necessidade de sustento vinha antes de qualquer problema por deficiência.

Meus vizinhos e amigos tinham o mesmo nível sócio econômico que eu. Lembro que tínhamos um vizinho com uma síndrome rara e que não saia da cama. Íamos com minha mãe toda semana visitá-lo e ficavamos brincando com ele no quarto.

Sempre que recebíamos alguém com deficiência em nossa casa o tratamento era igual ao que dávamos as outras pessoas, por isso apenas o menino que ficava no berço  foi mais marcante. Era natural, eram pessoas como as outras.

Depois que tive minha filha comecei a perceber o quanto as pessoas discriminam seus semelhantes por terem deficiência. Quando falo de inclusão para pessoas com deficiência, falo no desejo de que todas as pessoas também se beneficiem das minhas palavras.

Acreditem ou não, essa é a verdade. Embora tenha dado satisfação, o que nem precisaria, porque sou uma cidadã e tenho direito a me manifestar sobre esse assunto ( e qualquer outro) , quero dizer que defendo a inclusão de TODAS as pessoas em TODOS os ambientes.

E se você acha que é demagogia, vou lhe dizer com toda clareza: Você é tão desinformado quanto eu era.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Resumo do livro: Escola e Democracia- Demerval Saviani

O livro Escola e Democracia fala sobre as teorias da Educação, em diversos contextos e momentos. Pela análise, ele destaca os problemas das diversas vertentes das teorias educacionais, sendo que na primeira parte do livro o autor destaca as "teorias não-críticas" da educação que, segundo o mesmo, não consideram os problemas e a estrutura social como influenciadores da educação. Destaca também as diferenças entre a pedagogia tradicional, a nova e a tecnicista e sua relação com o problema da marginalidade: Na pedagogia tradicional, a educação é vista como direito de todos e dever do Estado, sendo a marginalidade associada à ignorância. A escola surge como um "antídoto", difundindo a instrução.Na Escola Nova, passa a ocorrer um movimento de reforma na pedagogia tradicional, na qual a marginalidade não é mais do ignorante e sim do rejeitado, do anormal e inapto, desajustado biológica e psiquicamente. A escola passa a ser então a forma de adaptação e ajuste dos indivíduos à sociedade. Por fim, o Tecnicismo define a marginalidade como ineficiência, improdutividade. A função da escola então passa a ser de formação de indivíduos eficientes, para o aumento da produtividade social, associado diretamente ao rendimento e capacidades de produção capitalistas.

O autor depois relata sobre as "teorias crítico-reprodutivistas", nas quais não pode ser possível "compreender a educação senão a partir dos seus condicionantes sociais".Saviani faz referência à Teoria de curvatura da vara de Lênin pode ser a forma de a Educação criar sua revolução para a quebra desse sistema, uma vez que se quebra a neutralidade da Educação, passando a ser considerada parte ativa neste processo de transformação.

O autor conclui retificando a relação entre e educação e a sociedade, bem como a responsabilidade dos professores em transformar, não o mundo, mas sim cada indivíduo que assiste a sua aula compreendendo melhor o contexto e seus acontecimentos, assim como seu papel dentro do sistema, seus deveres e seus direitos para a construção de um país melhor.




Referências:
[SAVIANI], Demerval. Escola e Democracia. 33ªedição. Campinas: Autores Associados, 2000. 94 p.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O ensino da música na educação infantil

A vida é cheia de sons, por todo canto estamos ouvindo algo, seja rádio, conversas, barulhos de carro, de animais, enfim, uma gama de sons que nos remetem e nos fazem reconhecer vários tipos de situações. Com exceção de alguns que tem algum tipo de deficiência auditiva, os sons nos enchem de informações importantes e emoções, sejam positivas ou negativas.

Trabalhar música na educação infantil é de suma importância para o desenvolvimento cognitivo das crianças, é através da música que ela passa a conhecer e reconhecer seus sentimentos, a música faz com que a criança fique mais tranquila, seja sociável, aprenda regras e condutas. A música quando inserida no contexto da sala de aula é mais uma ferramenta que o professor pode usar para estimular o aprendizado.

Usar instrumentos sonoros pode favorecer a criatividade da criança, não necessariamente precisaremos de intrumentos tradicionais, mas podemos usar sucatas, tampas de panela, e toda sorte de materiais que quando manipulados emitem sons. Deixar que a criança construa seu próprio instrumento pode ser prazeroso e surpreendente, elas poderão nos mostrar uma faceta que ainda não conhecemos e que só é capaz de ser alcançada pelo prazer de fazer e tocar seu próprio instrumento.

Temos diversos autores atuais de música infantil, a maioria das mùsicas reflete a realidade da criança de forma lúdica e prazerosa, mas não podemos nos esquecer das cantigas de rodas, das brincadeiras que se faziam junto com a música que foram passadas de geração a geração e fizeram a alegria de muitas crianças, quem não lembra de Terezinha de Jesus?, hoje considerada ultrapassada nem se ouve mais nas escolas, mas se você perguntar para gerações anteriores, muitos se lembrarão com saudades e um gostinho de infância como se aquilo tivesse acontecido hoje, muitas músicas além dos sons, nos fazem lembrar de pessoas queridas, de cheiros agradáveis e desagradaveis, de muitas sensações que havíamos esquecido com o tempo e aquela determinada música tem a mágica de reviver tudo isso em nossa memória.

O professor de educação infantil deve conhecer seus alunos verificar as necessidades e trabalhar no sentido de supri-las através do conteúdo a ser aplicado. As crianças devem ser estimuladas a fazer e a saber música, dentro da sua capacidade intelectual e cognitiva, como no ensino das artes o ensino da música não pode ser composto de muitas regras, mas sim de estimulo à criatividade .